31 de agosto de 2008

Eu, modo de usar (por Martha Medeiros)... com adaptações

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas... permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria...me faça sentir saudades, mas não a ponto de acreditar que não posso contar com você,
Conte coisas que me façam rir, mas não conte piadas bobas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.
Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta!
Vista-se bem, mas não se preocupe com isso... também gosto de camisa para fora da calça, gosto de calça jeans velha, gosto de cabelo bagunçado, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida...mas na maioria das vezes ao meu lado....
Não seja escravo da televisão, de futebol...
Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não
tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca...
Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... Não agora... Isso a gente vê depois... se calhar...
Me ensina a dirigir o seu carro, que você adora.
Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.
Não me conte seus segredos...
Me faça massagem nas costas.
Não fume (toda hora), beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte!
Se nada disso funcionar ... experimente me amar !!!

25 de agosto de 2008

Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente. Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos. Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. ...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por quê? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não? Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

(Luís Fernando Veríssimo)

3 de agosto de 2008

Cedo ou Tarde

Quando perco a fé,
Fico sem controle
E me sinto mal, sem esperança
E ao meu redor,
A inveja vai
Fazendo as pessoas se odiarem mais.

Me sinto só
Mas sei que não estou
Pois levo você no pensamento
Meu medo se vai
Recupero a fé
E sinto que algum dia ainda vou te ver

Cedo ou tarde
A gente vai se encontrar,
Tenho certeza, numa bem melhor...
Sei que quando canto você pode me escutar.

Você me faz querer viver,
E o que é nosso,
Está guardado em mim e em você
E apenas isso basta

Me sinto só
Mas sei que não estou
Pois levo você no pensamento
Meu medo se vai
Recupero a fé
E sinto que algum dia ainda vou te ver

Cedo ou tarde
A gente vai se encontrar,
Tenho certeza, numa bem melhor...
Sei que quando canto você pode me escutar...